10 maneiras de reduzir a pegada ecológica quando vamos às compras

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Deixei de gostar de usar a palavra sustentabilidade, pela leveza com que é aplicada nas mais variadas situações e crescentemente como uma poderosa ferramenta de marketing. Mas é realmente o conceito mais despido de sustentabilidade que tento ter como norte nos meus comportamentos quotidianos. Diz o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa “Modelo de sistema que tem condições para se manter ou conservar”.

Sabemos que os recursos que a Terra nos oferece têm um limite. Sabemos que ao ritmo que os estamos a consumir e a deteriorar, os nossos filhos estarão tramados. A matemática é fácil. Sabemos também que nem todos estamos dispostos a prescindir de alguns confortos agora pelas gerações futuras. Tudo bem, há sempre quem goste de viver a vida louca. O mundo é assim cheio de contrastes e pontos de vista diferentes e por isso é um sítio encantador. Será àqueles que acham importante que a vida continue na Terra com relativa qualidade por mais algum tempo, que restará concentrarem-se na sua pegada ecológica e interiorizar hábitos que lhes permitam minimizá-la.

No meu ponto de vista, pessoal e discutível, não é saudável (embora até fosse necessário) que vivamos em constante ansiedade com todos os passos que damos. “Ai que bebi água de uma garrafa descartável, ai que usei um guardanapo de papel…” Há porem hábitos muito fáceis de interiorizar, muitos deles apenas uma questão de não agirmos por impulso. Por isso hoje queria sumarizar alguns modos de sermos mais responsáveis quando vamos às compras.

Embora muitas destas coisas pareçam óbvias e “batidas”, nunca é demais repassar a check list. Umas vezes adotaremos umas, outras vezes outras maneiras de comprar, quase impossível fazermos todas sempre. Mesmo que façamos uma pequena parte, se essa parte for de uma ação quotidiana, o todo será decerto muito.

1. Usar os mercados locais, municipais

Depois de mais de dez anos no estrangeiro, uma das coisas que mais adoro na minha vida em Portugal, é a vida de bairro. Dela faz parte, confesso que menos vezes do que gostaria, a ida à praça. O conceito de mercado municipal é uma joia da cultura portuguesa, que só reconhece quem viveu fora. Um sítio onde se encontra tudo o que há de mais fresco, numa variedade enorme e vendido por verdadeiros especialistas que dedicam vidas inteiras à sua classe de produto. Foi a minha ida de hoje à praça que inspirou este post porque no meu mercado local 90% das coisas que vi esta manhã eram vendidas sem embalagens e 90% dos produtos eram portugueses. Logo aí, metade da escolha responsável está feita.

2. Evitar produtos embalados

Evitar embalagens é uma tarefa muito difícil nos supermercados e para ela temos verdadeiramente de estar conscientes do nosso ato de comprar. Infelizmente não podemos evitar os pacotes de leite, mas podemos se calhar comprar um iogurte de litro em vez de 10 pequenos. Ou comprar as cebolas a vulso em vez de em rede. No caso de haver opção, é sempre melhor optar por uma embalagem de cartão em vez de plástico ou verificar se a embalagem de plástico tem o símbolo de reciclável. Sim, aquele das três setinhas em circulo.

3. Usar sacos de pano

A tarefa acima é muito facilitada quando usamos os nossos próprios sacos para colocar e pesar as frutas e legumes. Quem diz sacos de pano, diz de plásticos reutilizados. O truque é ter sempre no carro os sacos pequenos dentro dos sacos grandes de transporte das compras. Para quem tem carro, para mim é no carrinho das compras (sim aquele das velhotas, adoro!).

4. Preferir produtos nacionais e evitar comprar produtos importados de sítios longínquos

Esta é super importante pois engloba os três pilares da sustentabilidade: ambiental, económica e social. Ao comprar português estamos a estimular a nossa economia, a contribuir para que se mantenham postos de trabalho e que o nosso sistema de impostos ganhe com a nossa compra, e a diminuir a pegada de carbono pois diminui a distância o transporte.

5. Preferir biológico

Os produtos de agricultura biológica não só são melhores para o nosso organismo, como são melhores para o equilíbrio ecológico do planeta pois respeitam a coexistência de espécies vegetais e animais e privilegiam uma agricultura menos intensiva (ou deveriam privilegiar… nós consumidores, como comum mortal, teremos de confiar nas entidades que certificam a agricultura biológica).

6. Preferir o comércio local

Já falei acima do privilégio que é termos os mercados municipais, que se não usarmos vão acabar por fechar… o mesmo acontecerá com as pequenas lojas locais. Saiam da roda do hamster. Acordem cedo ao sábado para apanhar as lojas abertas. Mesmo que custe depois de uma semana complicada, depois vai-vos saber bem. Tomem um café numa esplanada do vosso bairro, deliciem-se com as conversas dos passantes, atrevam-se a entrar naquelas lojas em que pensamos ao passar “como é que esta loja sobrevive com estas coisas da idade da carochinha?”. Provavelmente vão-se surpreender com os tesouros que podem encontrar, muito alta probabilidade de encontrar produtos portugueses e de qualidade. Algumas lojas não são muito “sexies”, é verdade, mas vale a pena tentar ultrapassar a dependência de comprar em cadeias por conhecer a marca. E sim, será um pouco mais caro, mas já pouparam na gasolina para o centro comercial e respiraram um pouco de ar, que talvez não seja o mais fresco, mas mais fresco que dentro de um hipermercado garanto-vos que será.

7. Ir a pé

A grande vantagem de ir ao comércio local é poder ir a pé. Será um bom exercício pensar mesmo várias vezes antes de, como zombies, nos pormos a caminho da próxima grande superfície: posso encontrar no comércio local?

8. Preferir produtos certificados

Quando houver essa possibilidade, optar por produtos certificados. Algumas das certificações são por exemplo Fair Trade, muito usada no café ou no chocolate, ou FSC, usada no papel. Estes selos garantem que os produtos são produzidos de maneira mais responsável a nível social ou ambiental.

9. Evitar produtos processados

Esta talvez não tão óbvia. Todos temos presente que os produtos processados não são tão saudáveis como os naturais. Se pensarmos bem, também não são tão amigos do ambiente, já que são produzidos em fábricas com impacte ambiental. Além disso tendem a ser vendidos em embalagens enquanto muitos dos naturais têm a sua embalagem própria e biodegradável (-:

10. Planear as refeições para evitar o desperdício de comida

Esta também penso que seja uma dica não tão trivial, mas essencial. Quantas vezes por falta de planeamento acabamos por deitar comida fora que passa das datas nos armários e frigorífico? Planear as refeições, ir fazendo anotações das quantidades semanais/mensais do que a nossa família consome, arrumar as coisas no frigorífico de modo a consumir primeiro o mais antigo e depois o mais recente, são bons princípios para evitar deitar comida fora e gastar recursos ao planeta.

Resumindo: mais natural, mais perto, menos embalado. A trilogia das compras responsáveis!

 

 


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